sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bastonário dos médicos diz que “Governo não sabe o que está a fazer” - Renascença

Bastonário dos médicos diz que “Governo não sabe o que está a fazer” - Renascença





A
notícia foi divulgada esta sexta-feira pelo “Diário de Notícias”, que
teve acesso à decisão da Entidade Reguladora da Saúde (ERS). A partir de
agora, os centros de saúde vão ter de atender, no próprio dia, todos os
doentes urgentes que peçam uma consulta. Quem não cumprir, arrisca-se a
uma multa até 45 mil euros.

“O Ministério da Saúde pensa que
pode resolver os problemas por decreto, sentado confortavelmente na sua
secretária e que os médicos de família podem fazer tudo, como se o dia
tivesse 36 horas”, começa por criticar, na Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos.

José
Manuel Silva fala em “obrigações sucessivas incumpríveis”, que “vêm
colidir com o normal trabalho de um médico de família”.

“Não é
só a obrigatoriedade de ver todos os doentes que apareçam, é a
obrigatoriedade de fazer medicina do trabalho, é a obrigatoriedade de
fazer medicina física e reabilitação… É o médico de família que faz
tudo, mesmo tendo uma lista de 1900 utentes, que já é acima daquilo que é
possível gerir com qualidade para um único médico e família. Não é
exequível esta sucessão de ordens, completamente desfasadas da realidade
no terreno e que mostra que quem está a legislar não sabe aquilo que
está a fazer”, critica.

O objectivo da ERS é acabar com os
limites de vagas que obrigavam os doentes a irem de madrugada para os
centros de saúde para conseguir uma consulta. A decisão seguiu-se a
acções de fiscalização realizadas em 2013, na sequência de uma
reportagem televisiva, segundo a qual haveria desvio de doentes de
centros de saúde para clínicas privadas, por médicos em duplo emprego.

A
maioria dos centros de saúde fiscalizados apresentava filas de espera
de utentes durante a madrugada para serem atendidos no próprio dia.

A
ERS recorda que “os utentes devem ser atendidos de acordo com os
critérios fixados na lei e de acordo com as suas necessidades efectivas
de cuidados de saúde, não sendo permitidos quaisquer comportamentos de
não aceitação de pedidos de consulta e/ou utilização de procedimentos
alternativos ao sistema de marcação de consultas”.

A ERS decidiu
também proceder à emissão de uma instrução a todos os Agrupamentos de
Centros de Saúde e Unidades Locais de Saúde para que adoptem, “de forma
imediata, todos os comportamentos que garantam, efectivamente, o
rigoroso cumprimento de todas as regras estabelecidas no quadro legal
relativo aos Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG)”.

Devem
também adoptar de imediato “um procedimento interno que garanta uma
triagem assente em critérios clínicos e que permita a diferenciação
entre motivo de doença aguda e motivo não relacionado com doença aguda”

A Ordem dos Médicos considera sem sentido e impraticável a decisão de
terminar com o número de vagas para as consultas nos centros de saúde.

Centros de saúde vão ter que atender doentes urgentes no próprio dia - TSF

Centros de saúde vão ter que atender doentes urgentes no próprio dia - TSF





Os
centros de saúde vão ter de atender no próprio dia todos os doentes
urgentes, que peçam uma consulta. A ordem partiu da Entidade Reguladora
da Saúde (ERS), numa deliberação a que o Diário de Notícias teve acesso.
A ERS quer acabar com os
limites de vagas para estes atendimentos não programados, o que leva
muitos utentes a ir para os centros de saúde horas antes de abrirem para
garantir um lugar.

No documento a que o DN teve acesso, a ERS
deu instruções para que as unidades registem todos os pedidos de
consulta, façam triagens e não deixem utentes à espera de vaga antes da
abertura dos serviços.

Rui Nogueira, vice-presidente da Associação
Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, sublinha que estamos perante
uma «solução absurda».

O Diário de Notícias conta que esta
deliberação da ERS foi enviado para todas as regiões e agrupamentos de
centros de saúde e que as medidas têm de ser cumpridas imediatamente.
Quem não respeitar arrisca multas que podem chegar aos 45 mil euros.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Há mais doentes ao abandono nos hospitais - Renascença

Há mais doentes ao abandono nos hospitais - Renascença

Há mais doentes ao abandono nos hospitais



O presidente da Confederação Nacional das
Instituições de Solidariedade Social (CNIS), padre Lino Maia, defende o
estabelecimento de acordos com as unidades de saúde para que as
instituições de solidariedade possam dar resposta aos casos de abandono
hospitalar.

Lino Maia diz que não há números oficiais, mas a
perspectiva geral aponta para um crescente aumento dos casos de doentes
abandonados nos hospitais.


O presidente da CNIS diz, em entrevista à Renascença,
que tem vindo a ser confrontado com crescentes pedidos de ajuda para
este tipo de problema e sugere a concretização de acordos de cooperação
com as unidades de saúde para que as instituições possam dar as
respostas adequadas.


O abandono de doentes nos hospitais é um assunto não passará à
margem da “Festa da Solidariedade”, que este ano é acompanhada por um
congresso, subornidado ao tema “Solidariedade: Novos Caminhos, Valores
de Sempre”. Os trabalhos decorrem esta sexta-feira e amanhã, no Porto.
Adriano Moreira, o ex-líder da CGTP Manuel Carvalho da Silva e o antigo
ministro Vieira da Silva são alguns dos oradores.


O que vai discutir este congresso?
Há novos
caminhos que se devem percorrer, mas há valores que são eternos, que
permanecem. Este congresso pretende abordar os novos caminhos que a
solidariedade deve percorrer, mas na fidelidade a valores da
solidariedade.


Que novos caminhos são, ou podem ser, esses?
São,
sobretudo, novas respostas que se impõem perante situações novas. Temos
um país que vem empobrecendo. Vemos o interior do país desertificado.
Há necessidade de procurar novas respostas, resposta de proximidade.


As respostas têm de ser diferentes, por exemplo, em razão do contexto, urbano ou rural?
Sem
dúvida. Nas zonas mais desertificadas, mais deprimidas, haverá,
certamente, que aproveitar equipamentos devolutos, terras abandonadas e
criar serviços de proximidade nas áreas da educação, da saúde e do
desenvolvimento local.
Nas zonas mais populacionais, há muitas
pessoas que, apesar de rodeadas de gente, vivem muito isoladas, muito
esquecidas, muito abandonadas. Há, por isso, necessidade de atender a
estas situações, de pobreza e de fome, em algumas situações. É também
preciso prestar mais atenção às crianças que vão abandonando as escolas.



Os relatos de abandono de doentes, sobretudo nos hospitais, surgem de diversos locais e entidades. Há um aumento?
Sim,
eu próprio tenho recebido muitas pessoas que me batem à porta para
ajudar a encontrar solução para essas situações. Há famílias que querem
partir para férias e abandonam o idoso no hospital. Mas a maioria dos
casos está relacionada com a opressão das limitações financeiras, da
pobreza. O idoso não pode ser esquecido. Provavelmente, teremos de
pensar em acordos de cooperação para que as instituições sejam alertadas
e possam ter resposta para essescasos de abandono hospitar.