sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Osteoporose

A Osteoporose é uma doença de elevada prevalência nos países ocidentais, em que Portugal se insere. Existem, no nosso país, mais de meio milhão de pessoas, sobretudo mulheres, com osteoporose.

A Osteoporose é uma doença esquelética sistémica, que se caracteriza pela diminuição da massa óssea e por uma alteração da qualidade microestrutural do osso, que levam a uma diminuição da resistência óssea e consequente aumento do risco de fracturas, sendo estas mais frequentes nas vértebras dorsais e lombares, na extremidade distal do rádio e no fémur proximal.

A importância em termos de saúde pública desta doença, advém das suas complicações, isto é das fracturas, uma vez que a doença em si é maioritariamente assintomática. As complicações mais frequentes são portanto as fracturas e dentro destas, as do fémur proximal são as que, a curto prazo, condicionam maior morbilidade, mortalidade e elevados encargos sociais e económicos.

Portugal não foge á regra e na proporção de 3 mulheres para cada homem têm fracturas do colo do fémur de causa osteoporótica. Para além de consumirem cerca de 52 milhões de euros (dados de 2006, para 9523 fracturas do colo do fémur) em cuidados hospitalares, são uma importante causa de morbilidade com incapacidade grave e de mortalidade.

A Osteoporose é uma consequência do aumento da esperança média de vida e está mais associada à idade avançada e ao sedentarismo.

Até á idade adulta óssea, cerca dos 21 anos, os nossos ossos acumulam a maioria do cálcio. No nosso crescimento fontes de cálcio devem estar presentes na nossa alimentação, para que o organismo o possa acumular nos ossos, fortalecendo-os. O leite e derivados serão a principal fonte desse nutriente, conjugado com actividade física, alimentação rica em vegetais e frutas e exposição solar para fixação da vitamina D. Estes são alguns dos factores que influenciam o fortalecimento dos nossos ossos ao longo da nossa vida, de modo a prevenir o aparecimento da osteoporose.

Outro factor importante prende-se com as hormonas, ou ausência delas, como é o caso da menopausa nas mulheres. A menopausa é muitas vezes o catalizador da osteoporose, potenciando e/ou agravando uma tendência osteoporótica.

Como em qualquer doença, um tratamento adequado da osteoporose pressupõe um diagnóstico correcto. A osteoporose pode diagnosticar-se por achado radiológico, ao realizar radiografia a qualquer parte do esqueleto, tardiamente após a ocorrência de uma fractura, ou atempadamente através da realização de uma densitometria óssea.

De entre todas as técnicas utilizadas para avaliar a densidade mineral óssea (DMO) a absorsiometria radiológica de dupla energia (DEXA) é hoje, considerada o método padrão para o diagnóstico e seguimento da evolução dos doentes com osteoporose, comumente designada de Densitometria Óssea.

O tratamento da osteoporose poderá passar por alteração de hábitos alimentares, terapia hormonal de substituição, toma de cálcio, toma de vitamina D, exercício físico e exposição solar moderada. Combinados entre si ou isoladamente após rigorosa avaliação clínica, ponderando os benefícios e malefícios existentes.

Na população idosa, a prevenção das quedas deverá estar presente, quer no dia a dia do idoso na sua habitação ou quer este esteja institucionalizado. Devemos ter presente que os idosos têm perda da acuidade visual, auditiva e por vezes cognitiva, o que lhes provoca muitas vezes desequilíbrios, má coordenação motora, alterações da postura, marcha instável, etc. Devido a essas limitações e porque muitas vezes estão sozinhos, o calçado é inadequado, os auxiliadores de marcha são impróprios ou insuficientes, outras menos vezes, também as condições ambientais são deficientes como seja iluminação fraca, carpetes soltas, chão irregular, ausência de corrimão e apoios principalmente nas casas de banho, etc.

O tratamento e prevenção da osteoporose, bem como das quedas, em especial nas populações envelhecidas assumem, como em qualquer outra doença, um papel importante no combate á morbilidade e dependência tendo presente que os custos de prevenir são sempre muito menores que os custos de curar.



in Tribuna Pacense  a 24.09.2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Registro de Saúde Electrónico RSE

Um dos objectivos deste governo para o sector da saúde é a implementação do Registo de Saúde Electrónico, até ao final de 2012. Trata-se de um ambicioso projecto que permitirá colocar Portugal na linha da frente das inovações em Saúde. Nos EUA, o Electronic Health Record, EHR (o equivalente ao nosso RSE) é parte fundamental da reforma dos seguros de saúde públicos da administração Obama, e permitirá um acesso rápido ao historial do doente, evitando desperdícios, duplicações e repetições de “actos em saúde”. Desde modo será mais rápido o acesso a determinadas informações permitindo um melhor diagnóstico num tempo mais célere.

O registo clínico electrónico já existe na maioria dos nossos Centros de Saúde e Hospitais, mas sem interligação entre os vários sistemas. Os Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica também, na sua maioria, já se realizam em suporte informático. O que se pretende é criar uma base de dados única por doente, onde seja possível inserir dados relevantes e disponibiliza-los on-line, de modo que, em qualquer ponto do País e a qualquer hora, estejam disponíveis num contexto de prestação de cuidados de saúde, evitando actos duplicados, desnecessários e que sobrecarregam os custos do SNS.

Envolve inúmeras dificuldades como a multiplicidade, diversidade e complexidade da informação, armazenada em bases de dados não acessíveis numa única plataforma (Sinus, SAM SAPE e Sonho). Por outro lado é indispensável a padronização do conteúdo e estrutura do RSE, de modo a este atingir a interoperatibilidade entre sistemas, para que seja constituído por um resumo de dados do doente, onde se incluem por exemplo a história clínica, alergias, problemas activos, Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, terapêutica habitual.

Imaginem num futuro, uma ida a um hospital por motivo de acidente ou doença súbita, numas quaisquer férias em Portugal, e na primeira avaliação médica ser possível, o acesso ao historial clínico, orientado desde o primeiro momento o tratamento em função dos antecedentes patológicos, alérgicos, condicionantes, etc. Muitas vidas poderão ser salvas, muitos exames (e horas de espera pelos resultados) desnecessários não se realizarão. Os cuidados de saúde poderão ser mais eficientes e eficazes, logo com um menor custo.

Por este pequeno levantamento se antevê, um complexo e demorado trabalho a ser desenvolvido, num tempo de “vacas magras” em que o investimento em Tecnologia de Informação e Comunicação será necessariamente elevado.

É de louvar que o “Desenho do Serviço de Registo de Saúde Electrónico” seja desenvolvido por uma instituição nacional, neste caso a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Deste modo não se gastam fundos com as multinacionais da informática e coloca-se a Universidade ao serviço da sociedade.


in Tribuna Pacense a 10.10.2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Plano Nacional de Saúde 2011-2016


Está em discussão pública o Plano Nacional de Saúde 2011-2016, está numa fase de construção e está no momento a decorrer até Novembro, a discussão pública das análises especializadas.

Apelo á divulgação deste documento estratégico para o sector da saúde nos próximos anos em Portugal.

Tentarei dentro do possivél deixar aqui alguns contributos das análises especializadas disponibilizadas.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Hospital Misericórdia de Paços de Ferreira - HOSPAF



A situação na Misericórdia de Paços de Ferreira não é das mais favoráveis nestes tempos de crise e de pouca solidariedade, segundo o seu Provedor Augusto Bismark..

O projecto de revitalização do hospital de Paços de Ferreira através da sociedade Hospaf não conseguiu impor-se. A candidatura ao programa Modelar, para construir uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados, não teve provimento. Terão de ser  procuradas soluções que potenciem o que já foi feito.

A Misericórdia de Paços de Ferreira com o apoio da União das Misericórdias, e do seu grupo para a saúde, Grupo Misericórdias Saúde, poderá em nome próprio aspirar a ter acordos e convenções com o SNS bem como ajudas do estado, que em parceria com um privado lhe estarão vedadas.

O projecto de reactivação do Hopital da Misericórdia de Paços de Ferreira tem no meu entendimento, um enorme potencial, gerará desconforto nos concorrentes locais, mas trará mais-valias para o bem-estar das populações que se propõe atingir.

Se conseguir renovar-se e crescer em termos de médicos colaboradores, se o relacionamento com os centros de saúde se direccionar em favor do doente, envolvendo os clínicos, o projecto vingará.

Poderá ser um centro de referência para as populações e ser um pólo de desenvolvimento local, se conseguir impor-se e crescer, dando as respostas em cuidados de saúde com Qualidade, que os doentes necessitem.
 
Estas ideias, como outras, foram apresentadas á Santa Casa da Misericórdia de Paços de Ferreira em 2009.