sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ondas de Calor

O Verão é a estação do ano que mais convida a actividades ao ar livre. É também nesta altura que a esmagadora maioria da população aproveita para gozar as suas férias. É, no entanto, um período com algumas situações de risco específicas que importa conhecer e prevenir, para se poder desfrutar do verão e das férias em segurança.

A exposição a períodos de calor intenso, durante vários dias consecutivos – ondas de calor – constitui uma agressão para o organismo, podendo conduzir à desidratação, ao agravamento de doenças crónicas, a um esgotamento ou a um golpe de calor, situação muito grave e que pode provocar danos irreversíveis na saúde, ou inclusive levar à morte.

São mais vulneráveis ao calor:

• As crianças nos primeiros anos de vida;

• As pessoas idosas;

• Os portadores de doenças crónicas (nomeadamente doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, diabetes, alcoolismo);

• As pessoas obesas;

• As pessoas acamadas;

• As pessoas com problemas de saúde mental;

• As pessoas a tomar alguns medicamentos, como anti-hipertensores, antiarrítmicos, diuréticos, anti-depressivos, neurolépticos, entre outros;

• Os trabalhadores expostos ao sol e/ou ao calor;

• As pessoas que vivem em más condições de habitação.


Para a prevenção dos efeitos do calor intenso recomendam-se as seguintes medidas:

• Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.

• Evitar bebidas alcoólicas e bebidas com elevados teores de açúcar.

• Os recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, podem não sentir, ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis - ofereça-lhes água e esteja atento e vigilante.

• Devem fazer-se refeições leves e mais frequentes. São de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas.

• Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco. Se não dispõe de ar condicionado, visite centros comerciais, cinemas, museus ou outros locais de ambiente fresco. Evite as mudanças bruscas de temperatura.

• No período de maior calor tome um duche de água tépida ou fria. Evite, no entanto, mudanças bruscas de temperatura (um duche gelado, imediatamente depois de se ter apanhado muito calor, pode causar hipotermia, principalmente em pessoas idosas ou em crianças).

• Evitar a exposição directa ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas.

• Evitar a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor, sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento. Se o carro não tiver ar condicionado, não feche completamente as janelas. Levar água suficiente ou sumos de fruta naturais sem adição de açúcar, para a viagem e, parar para os beber. Sempre que possível viajar nos períodos mais frescos do dia.

• Nunca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol.

• Sempre que possível, diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados. Evitar actividades que exijam esforço físico.

• Usar menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados.

• Evitar que o calor entre dentro das habitações. Correr as persianas, ou portadas e manter o ar circulante dentro de casa. Ao entardecer, quando a temperatura no exterior for inferior àquela que se verifica no interior do edifício, provocar correntes de ar, tendo em atenção os efeitos prejudiciais desta situação.

• Não hesitar em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal com o calor.

• Informar-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas isoladas, idosas, frágeis ou com dependência que vivam perto de si e ajudá-as a protegerem-se do calor.

• As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor. As crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar e deve evitar-se a exposição directa de crianças com menos de três anos. As radiações solares podem provocar queimaduras da pele, mesmo debaixo de um chapéu-de-sol; a água do mar e a areia da praia também reflectem os raios solares e estar dentro de água não evita as queimaduras solares das zonas expostas.


Estas ondas de calor poderão no futuro ser mais frequentes, são um impacto das mudanças climáticas devido ao aquecimento global provocado pela poluição, será importante incorporarmos que devemo-nos proteger e ajudar os mais debilitados a faze-lo também.

in Tribuna Pacense 30.07.2010 

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Radiação Solar



A sobrexposição despreocupada aos raios solares danifica seriamente a pele, mesmo que seja breve. Pode provocar queimaduras, alergias, insolações e, a longo prazo, destrói o património celular, envelhecendo-a. No limite, pode até causar cancro cutâneo. A maioria das pessoas só se lembra de se proteger do sol na praia, mas a verdade é que quando passeamos no campo ou preguiçamos numa esplanada, corremos os mesmos riscos.


Radiação solar é a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em particular aquela que é transmitida sob a forma de radiação electromagnética. Cerca de metade desta energia é emitida como luz visível na parte de frequência mais alta do espectro electromagnético e o restante na banda do infravermelho próximo e como radiação ultravioleta.

Quando se fala de radiação ultravioleta (UV) fala-se, sobretudo, da radiação UVB e UVA, já que a radiação UVC (extremamente agressiva para a pele) é filtrada na sua maioria pela camada de ozono.


A radiação ultravioleta (UV) faz parte do espectro da radiação solar. A chamada radiação UV-B é a principal responsável pela formação de queimaduras na pele, cancro da pele, cataratas e muitos outros efeitos na saúde humana. A radiação solar UV-B que incide na atmosfera da Terra é absorvida principalmente pelo ozono estratosférico. No entanto, existem outros componentes atmosféricos que podem contribuir também para uma atenuação (por absorção e/ou por difusão) da radiação UV-B na atmosfera como as nuvens, o aerossol atmosférico e até o próprio ar.

A radiação UVB atinge as camadas superficiais da pele, nomeadamente a epiderme e derme superficial e é responsável pela vermelhidão, queimaduras solares e pela indução a médio e longo prazo de cancros de pele, sobretudo os carcinomas basocelular e espinocelular. A radiação UVA, que antigamente se pensava não ser tão agressiva, é hoje reconhecida pelo poder de penetração mais profundo na pele até à derme média e é a principal radiação responsável pelo fotoenvelhecimento precoce da pele, em particular pelas rugas e lentigos (‘manchas da idade’) sendo, provavelmente, das radiações mais importantes, não só na indução de carcinomas, sobretudo de melanoma (o cancro de pele mais temível, que se não for detectado e tratado precocemente poderá ser mortal).

O cancro de pele é geralmente desencadeado por lesões causadas pelo Sol.

Existem vários tipos de cancro da pele agrupados em dois grandes grupos:

melanoma - é o mais raro mas é responsável por 3 em cada 4 mortes por cancro de pele.



não-melanoma - é o mais comum e raramente pode causar a morte do paciente.

O último grupo inclui os carcinomas menos perigosos, mas que se podem tornar mais agressivos se não forem tratados precocemente. O cancro da pele pode atingir pessoas de todas as idades, mas é menos frequente nas crianças.

Estão mais predispostas aos cancros da pele:

• Pessoas cronicamente expostas ao Sol, como os trabalhadores do campo ou que trabalham ao ar livre, sob a radiação solar;

• Pessoas que tiveram inúmeras queimaduras solares/escaldões ao longo da vida principalmente se estas ocorreram em idades jovens (até aos 16 anos).

Como se faz prevenção do cancro de pele?

 evitar excesso de exposição ao Sol, especialmente entre as 11-16h;

 utilizar sempre protector solar adequado ao seu tipo de pele e que proteja dos raios nocivos, mesmo depois de já estar bronzeado;

 usar vestuário, chapéu e óculos de sol, principalmente entre as 11-16h;

 evitar que crianças e adolescentes com menos de 16 anos tenham queimaduras solares/escaldões, pois estes aumentam o risco de desenvolver cancro da pele em idades mais avançadas.

Os filtros solares (vulgo protectores solares) são substâncias destinadas a proteger a pele do sol (das radiações ultravioletas A e B). A curto prazo, eles protegem a pele de queimaduras e alergias solares e, a longo prazo, de envelhecimento e cancro de pele. O uso adequado de filtros solares implica:

- Aplicação abundante e uniforme 30 minutos antes da exposição solar.

- Reaplicação frequente (a cada 2 horas e mais frequente após exercícios físicos, mergulhos e transpiração excessiva).

- Não esquecer dos protectores labiais e óculos escuros.

Comecem por efectuar exposições ao sol de 15 a 20 minutos, que podem ser no jardim ou varanda, mas evitando os horários críticos. Em particular, das 12 às 16 horas, em que há forte incidência dos ultravioleta. A exposição ao sol deve ser precedida da aplicação de protector solar e os índices de protecção devem ser elevados.

Embora o bronzeado costume ser considerado um sinal de boa saúde e de uma vida activa e atlética, realmente constitui em si mesmo um perigo para a saúde. Qualquer exposição à luz ultravioleta A ou B pode alterar ou danificar a pele. A exposição prolongada à luz natural ou à artificial, que se usa nos centros de estética, podem provocar lesões crónicas na pele. Não existe um bronzeado seguro.

Nas férias, relaxe, brinque com os seus filhos, divirta-se, aproveite se puder das belezas do nosso País, mas protega-se.

in Tribuna Pacense a 15.07.2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Política de Saúde à Portuga

Assistem-se nestes últimos tempos a episódios caricatos na Saúde, em estilo zig zag., senão atentemos a estes episódios:

Num primeiro momento a ARS de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) comunica ao Setubalenses que ficariam privados das urgência pediátricas durante o verão nos períodos das 0 horas ás 9h da manhã. Dias depois dá o dito pelo não dito, apresentando os argumentos de que no outro momento não dispunha. Onde está a responsabilidade dos dirigentes que assumem estes erros? Ou neste momento da vida pública vale tudo?

No INEM anuncia-se o corte na aquisição de helicópteros e no atendimento especializado por psicólogos nos CODUs. E as populações que aceitaram fechar os seus serviços de atendimento permanente mas que em contra partida teriam uma rede de cuidados de emergência pré-hospitalar funcionante e com cobertura territorial? Como ficam?! Isoladas e sem cuidados de saúde! Daqui a dias o Ministério da Saúde poderá informar que as coisas não são bem assim contrapondo as acções da direcção do INEM ou até anunciando uma qualquer compensação.

Assim vai a nossa Política de Saúde, sem um rumo determinado, ao sabor das pressões das corporações e da dita crise. Sem uma linha orientadora, ora uma acção aqui outra ali, uma outra acoli... Como se vivesse noutra galáxia o Ministério da Saúde deambula, incompreensível e erraticamente, a reboque dos acontecimentos e das notícias... Ora manda cortar nos toalhetes, ora decide aumentar os enfermeiros, ora manda fechar urgências pediátricas, ora decide aumentar os médicos, ora decide abrir novamente urgências pediátricas, ora manda cortar nos medicamentos nos hospitais, ora derrete milhões por erros informáticos nas farmácias e nos medicamentos gratuitos a rodos, ora manda cortar nas horas extraordinárias, ora continua a não cortar nas centenas de viagens ao estrangeiro feitas pelos centenas de dirigentes (Autoridade Central do Sistema de Saúde, ARS, INEM, Instituto da Droga, etc ,etc…).

Subitamente verifica-se - por inúmeras declarações públicas - que quase todos os Concelhos de Administração dos hospitais, tinham na manga planos de contingência contra o desperdício.

Na verdade, segundo foi tornado público, os prejuízos dos hospitais com gestão empresarial, em 2009 dispararam para 295 milhões de euros, um aumento de 40% em relação a 2008.

Tal descontrolo deveria ter ditado outras consequências: Não chega obrigar os Concelhos de Administração a medidas de combate ao desperdício..., algumas delas a roçar o ridículo.

O plano de poupança do Ministério da Saúde, endossado aos hospitais com carácter de urgente, dificilmente responde à gravidade da crise financeira dos mesmos, para não falar de coisas mais genéricas como seja a sustentabilidade global do SNS.

Muito menos as medidas de contenção doméstica, avulsas, que múltiplos hospitais dizem já ter planeado, numa espécie de desenfreada competição interna, do tipo infantil “as minhas são melhores do que as tuas...”, cujas consequências podem ser dramáticas em termos de eficiência... e da qualidade dos serviços a prestar aos utentes.

Se acaso entrarmos pela via da luta pela sobrevivência - a todo o custo e a qualquer preço - dos actuais hospitais em flagrante descontrolo da situação financeira, melhor seria , para preservar os utentes e as instituições do SNS, começar pelo racional, i.e., remodelar profundamente os Concelhos de administração dos hospitais, repensar o modelo de gestão empresarial e de governação clínica que, ao longo do tempo, se mostrou tão ineficiente e tão pouco ágil...

Este seria o momento oportuno para lançar medidas e reformas de fundo que fortalecessem o nosso SNS, garantindo-lhe sustentabilidade como estão a fazer por exemplo os ingleses com o seu sistema de saúde (NHS).

in Tribuna Pacense a 02.07.2010