sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Jobs & Boys

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, já nomeou, por proposta da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) três novos directores executivos para presidir a agrupamentos de centros de saúde (Aces) sem qualquer formação na área da saúde, de acordo com os respectivos currículos publicados em Diário da República.

Dos 12 nomes que o presidente da ARS-Norte, Castanheira Nunes, indicou, apenas dois são médicos, uma situação que levou já o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) a considerar o processo de nomeações “escandaloso”.

Mas a ARS-Norte garante que, dos 12, seis são da área da Saúde, incluindo os dois clínicos já citados. O Ministério da Saúde não comenta, mas no Parlamento. Paulo Macedo afirmou que as nomeações dos Aces são da responsabilidade das ARS.

As primeiras nomeações suscitaram de imediato comentários nas redes sociais e admite-se a eventualidade de muitos médicos virem a recusar exercer cargos de direcção clínica dos Aces neste contexto de nomeações de pessoas “cuja formação e experiência profissional na área da saúde é nula”.

Paulo Macedo nomeou Luís Filipe do Nascimento Teixeira, antigo chefe de gabinete da Câmara de Vila Pouca de Aguiar e actual presidente da direcção do Moto Clube do Corgo e Sport Clube de Vila Pouca, para presidir ao Aces do Alto Trás-os-Montes I — Alto Tâmega e Barroso. Voluntário na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e coordenador na organização de diversos eventos culturais/económicos, nomeadamente as Festas de Vila Pouca de Aguiar, Feira do Granito, Feira do Mel e Artesanato e Feira Gastronómica, Luís Filipe Teixeira licenciou-se em Direito pela Universidade Moderna. De Fevereiro de 2006 até agora trabalhou na empresa municipal Vitaguiar.

O futuro director executivo do Aces do Cávado II — Gerês-Cabreira é Jorge Manuel Oliveira Cruz, tem 58 anos, e entre 2001- 2009 foi secretário da presidência da Câmara de Barcelos, no mandato de Fernando Reis (PSD). Na década de 90 foi director comercial da Maquitrofa, Ld.ª, onde era responsável pelas compras e vendas desta empresa do sector têxtil. Em 1997 Jorge Oliveira Cruz foi tesoureiro do Centro de Bem-Estar Social de Barqueiros.

A terceira nomeação é a relativa ao Aces do Cávado III — Barcelos- Esposende, que vai ter como director executivo Francisco Félix Araújo Pereira. A escolha recai no até agora director financeiro do Mercado da Pedra, Comércio de Rochas Ornamentais, Ld.ª, desde 2011, onde é responsável pela área financeira, recursos humanos e compras. De acordo com o currículo, Francisco Félix foi administrador da Geo Future, Ld.ª (empresa informática, comunicação e imagem). No período de 2003-2009, “foi assessor de vereador”, tendo como “principais actividades: gestão económica e financeira, aprovisionamento, gestão do património, protecção civil, recursos humanos, modernização administrativa, trânsito e transportes”.

O novo director executivo foi consultor financeiro da Plastécnica, Ld.ª (indústria de reclamos luminosos), co-responsável pela concepção, instalação e coordenação do Festival Internacional de Filmes de Turismo, estagiou na Direcção-Geral de Contribuições e Impostos e, no final da década de 90,“foi informático e administrativo” de uma empresa de cerâmica decorativa. Licenciado em Contabilidade com 13 valores pela Universidade Lusíada, Francisco Félix Araújo Pereira inscreveu-se em Outubro de 2010 em Gestão das Organizações, ramo de Gestão de Empresas no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. 
 
Tendo em conta o perfil dos escolhidos, o SMN fala de “nomeações sem qualificações”. A primeira nomeação de Paulo Macedo foi a de Luís Filipe Teixeira e, segundo o sindicato, “a nota curricular que a acompanha não necessita de qualquer comentário — fala por si e é elucidativa do estado de degradação e impunidade a que chegámos”. O comunicado do sindicato termina com uma interrogação: “Terá sido a presidência do Moto Clube do Corgo ou a coordenação das Festas de Vila Pouca de Aguiar que impressionaram o sr. presidente da ARS-Norte e o sr. ministro da Saúde?”

Estas noticias são preocupantes e deitam por terra as promessas do Primeiro Ministro em que afirmava que escolheria os mais qualificados para o bem do Pais, independentemente da cor politica. Podemos afirmar do PM: Bem... faz o que e digo e não o que eu faço...