quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Política em Zig Zag

A Ministra da Saúde Drª Ana Jorge esteve na passada terça feira (ontem, pois escrevo estas linhas na quarta de manhã) no Parlamento na Comissão de Saúde. E mais uma vez fica no ar a ideia de que não se fica com a verdade toda esclarecida, ou que parte dela é omitida. Apesar de todas as noticias em contrário, o saldo do SNS é negativo mas apenas de 212 milhões de euros!!! Segunda a Srª Ministra menos 37% do que em 2009, que se situava nos 327 milhões de euros. A oposição afirmou que esta equipe do ministério, ministra e dois secretários de estado, não têm credibilidade na apresentação das contas da Saúde. Não apresentou o montante do défice acumulado do SNS, que pelas contas da deputada popular Teresa Caeiro se cifrará nos 4,5 mil milhões de euros!

Um outro assunto na agenda desta reunião prendia-se com a reintegração no SNS de médicos que tinham pedido a aposentação. Numa primeira fase o Ministério não foi capaz de acautelar o impacto de medidas genéricas, aplicadas em toda a função pública, e viu impávido e serenamente saírem num ano 600 clínicos. Muita gente ficou sem médico de família, muitos hospitais sem especialistas. Teve de criar um regime de regresso excepcional mas que poucos resultados teve. Regressaram já 127 médicos e mais 60 candidaturas então a ser apreciadas. Cerca de 30 % dos 600 que saíram!! O número de Portugueses sem médico de família continua teimosamente nos 500 mil. Apesar do número crescente de USF, esta saída de médicos afectou principalmente a medicina geral e familiar, não será suficiente para cobrir estes portugueses que não antes de 2014-2015 terão cobertura de médico de família.

O encerramento do Hospital Pediátrico Dona Estefânia gerou muitas dúvidas aos deputados. Ana Jorge garantiu que as equipas e profissionais serão transferidos para nova unidade, que será integrado numa nova unidade a ser construída na zona oriental de Lisboa. Os serviços serão estanques com entradas independentes, alguns como a Imagiologia haverá partilha. A srª ministra fala, fala, mas ninguém acredita.

Outro assunto abordado foi o dos transportes dos doentes, que o ministério considerou abusiva em muitas situações, condicionando o acesso a esse tipo de comparticipação. Dando como exemplo alguém que vai fazer “fisioterapia” por causa de uma dor de costas, que não a impede de fazer a vida normalmente. Outra bem diferente é uma pessoa ter um AVC, uma incapacidade motora e precisar de um transporte especial. Ainda a srª ministra “... como sabem, muitas vezes as pessoas vão fazer esses transportes em carrinhas dos bombeiros e aproveitam e vão à vila às compras, por exemplo...”. Faltou alguém explicar á ministra que por vezes são pessoas idosas isoladas e que efectivamente não podem pagar um transporte privado, táxi, pois não existem transportes públicos alternativos, para se deslocarem para os seus tratamentos e consultas. Essas pessoas progressivamente não poderão “dar-se ao luxo” de ficarem doentes. Mas também nesta matéria a ministra referiu que está tudo na mesma pois o governo ainda não publicou a respectiva regulamentação.

Ou seja, se houver muita contestação nunca sairá do papel, caso a coisa passe despercebida lá se publicará a portaria. Bolinhos e chá!.

O Governo determinou que, a partir de 01 de Março, apenas serão comparticipados os medicamentos prescritos electrónicamente, o que obriga os operadores (públicos e privados) a disporem de um programa informático, devidamente certificado pelo Ministério da Saúde. Vamos ver se é desta que o MS se dá conta de que a melhor maneira de defender o SNS é pugnar pela sua eficiência, qualidade e transparência. Não existe nenhuma razão para que sempre que estiver em causa a utilização de dinheiro público não se utilizem, obrigatoriamente, sistemas electrónicos que permitam um controlo mais rigoroso das prescrições quer de medicamentos quer de meios complementares de diagnóstico. E porque não a partir de 01 de Junho de 2011 todos os prestadores convencionados e/ou contratantes com o SNS na qualidade de prestadores de serviços sejam obrigados a utilizar requisições e facturas estritamente em suporte digital. Se a esta medida se adicionarem pelo Centro de Conferências de Facturas do SNS ferramentas informáticas muitos milhões vão ser achados em áreas tão distintas como as análises clínicas, diálise, etc. Já para não falar no potencial de controlo da “qualidade” da prescrição de medicamentos nos cuidados de saúde.

Isto se entretanto não se alterar a aplicabilidade da medida de Março para Agosto e depois para Dezembro......

Várias medidas avulsas estão anunciadas, como sejam a criação de alguns centros hospitalares, mas desconhecem-se estudos de impacto destas medidas, no entanto, segundo a equipa da saúde, com estas alterações do atendimento "pretende-se fazer convergir a melhoria da prestação de cuidados de saúde, a universalidade do acesso e o aumento da eficiência dos serviços”. Para conseguir este pleno bastará "reduzir a estrutura orgânica, administrativa e funcional das unidades envolvidas e a introdução de mecanismos para uma organização integrada e conjunta que tornem a gestão mais eficiente”. Passados seis meses do prazo estipulado para a sua criação, a central de compras da saúde ainda não está no terreno. Os hospitais já começam a celebrar os contratos directamente com os seus fornecedores, nomeadamente com a indústria farmacêutica, sem recorrer aos serviços da central de compras, seja para comprar medicamentos ou material clínico. O novo acordo com as Misericórdias anunciado para Setembro, onde pára? Adiado.

Entretanto algumas Misericórdias já não sabem com o que esperar. Qual é o rumo? A venda de medicamentos em dose individual nas farmácias, prometida por Ana Jorge em Setembro para “dentro de semanas” e a avaliação dos administradores hospitalares, apontada como uma prioridade para 2010, são outras medidas que ainda não saíram do papel. Anunciar é fácil. Implementar é o cabo dos trabalhos. Principalmente quando se passa a maior parte do tempo distraída a assobiar para o ar. Daqui a algum tempo alguém vai ser acusado certamente do impasse. Simples, fácil, implementação instantânea, pronto a economizar. Era muito bom se assim fosse!.

O certo é que os Portugueses já pagam mais quando recorrem ao SNS, pois a taxas moderadoras foram aumentadas em Janeiro. Foi implementado um sistema de multa para os não pagadores, até 100 €. As taxas de várias vacinas e atestados em saúde pública, que pelos vistos desde a década de sessenta não eram actualizadas, foram-no. Um doente oncológico, por exemplo, que necessite de um atestado para efeitos de benefícios fiscais, pagava até agora 0,90 euros e vai passar a pagar 50 euros!!!.

Enfim, o que nos vale é que o nosso Serviço Nacional de Saúde é tendencialmente gratuito, senão nem imagino o que seria....

in Tribuna Pacense a 28.01.2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Taxas Moderadoras em divida no CHTS

Segundo noticia d' O Verdadeiro Olhar, mais de 144 mil utentes do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) não pagaram as respectivas taxas moderadoras. Ao certo são 144 419 utentes que, contribuíram para uma dívída que já chega ao 1 milhão e 530 mil euros.
 
Mas isto desde 1997!!!! E porque não desde 1990? E desde a criação do Centro Hospitalar? Esse valor é que importaria. E mesmo legalmente só até 5 anos em atraso é que a divida é cobravél.
 
Fica a impressão que as águas agitam-se no CA... Financeiramente estará o CHTS a ficar sem fundos?
 
Vamos ver a cena dos próximos capitulos...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Centro Materno-Infantil do Norte

Após cerca de 30 anos de promessas e incertezas, as mães, as crianças e os profissionais desta Região de Saúde vão, finalmente, ver realizado o seu desejo e poder contar com o Centro Materno-Infantil do Norte?. link

Será que é desta?

As gentes do Norte assim o esperam.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Alimentação saudável

A sabedoria popular diz que “você é o que come” e não poderia ser mais verdade. A comida que ingerimos tem um grande impacto na nossa saúde e bem-estar. Uma boa nutrição fornece ao organismo nutrientes para produzir ou reparar tecidos, manter o sistema imunitário saudável e permite ao corpo executar tarefas diárias com facilidade.

Os nossos estilos de vida e hábitos alimentares mudaram dramaticamente nas últimas décadas. Hoje em dia confiamos na conveniência da comida rápida ou “fast-food” e em suplementos nutricionais, do que propriamente alimentos frescos. De facto, existe muita atenção mediática virada para o que não devemos comer e pouca informação para o que devemos comer!

A Organização Mundial de Saúde(OMS) descreve como é que os principais factores de risco contribuem para os valores de mortalidade e morbilidade da maior parte dos países. No caso das doenças crónicas não transmissíveis, os factores de risco mais importantes incluem hipertensão, consumo de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas, deficiência em ferro, colesterol sanguíneo elevado, consumo inadequado de frutos e hortícolas, inactividade física e o excesso de peso.

Hábitos alimentares pouco saudáveis e inactividade física, estão entre as principais causas para o aumento dos factores de risco acima referidos e para o aparecimento de doenças como obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e certos tipos de cancro, que contribuem substancialmente para as despesas globais com a saúde e para os valores de mortalidade.

Surge a roda dos alimentos como uma ilustração gráfica que pretende ajudar novos e graúdos, a escolher e a combinar os alimentos que deverão fazer parte de um dia alimentar saudável. O seu formato em forma de roda pode ser facilmente identificado e associado a um prato vulgarmente utilizado e, para além disso, não hierarquiza os alimentos. Utilizada desde 1977 como parte da campanha de Educação Alimentar “ Saber comer é saber viver”, a roda dos alimentos sofreu recentemente uma reestruturação motivada pela evolução dos conhecimentos científicos e pelas alterações nos hábitos alimentares portugueses.

È constituída por 7 grupos de alimentos, os quais foram agrupados de acordo com as suas semelhanças e características nutricionais, somando-se a água no centro. Estabelece as porções diárias recomendadas e equivalentes entre os alimentos. A proporção com que cada um deles deve estar presente na alimentação diária é a seguinte: cereais e derivados 28%; hortícolas 23%; fruta 20%; lacticínios 18%; carnes, pescado e ovos 5%; leguminosas 4%; gorduras e óleos 2%. Diariamente devem comer-se porções de todos os grupos de alimentos. O número de porções recomendado depende das necessidades energéticas individuais. As crianças de 1 a 3 anos devem guiar-se pelos limites inferiores e os homens activos e os rapazes adolescentes pelos limites superiores; a restante população deve orientar-se pelos valores intermédios.

A água não possuindo um grupo próprio, está representada em todos eles, pois faz parte da constituição de quase todos os alimentos. Sendo imprescindível à vida, é fundamental que se beba em abundância e diariamente (1,5 a 3L por dia).

Dentro de cada divisão estão reunidos alimentos nutricionalmente semelhantes entre si, para que possam ser regularmente substituídos, assegurando a variedade nutricional e alimentar.

Assenta em 3 regras fundamentais para a aquisição de uma alimentação saudável. A alimentação deve ser COMPLETA (ingerir ao longo do dia alimentos de todos os grupos), VARIADA (variar os alimentos ingeridos ao longo do dia), EQUILIBRADA (respeitando as porções diárias recomendadas e as quantidades de equivalentes indicados).

Ter hábitos alimentares saudáveis não significa fazer uma alimentação restritiva ou monótona, pelo contrário, um dos pilares fundamentais para uma alimentação saudável é a variedade. Quanto mais variada for a sua selecção alimentar, melhor! Diferentes alimentos contribuem com diferentes nutrientes o que potencialmente enriquece o dia alimentar de cada pessoa.

Ao optar por hábitos alimentares mais saudáveis não tem de abdicar daqueles alimentos menos saudáveis de que tanto gosta. O importante é que o consumo desses alimentos constitua excepção e não a regra do seu dia a dia alimentar.

Lembre-se, não existem na realidade, bons ou maus alimentos – moderação e equilíbrio na alimentação, são as chaves para se manter saudável! A comida deve ser apreciada – é possível comer refeições deliciosas e bem preparadas que são simultaneamente saudáveis.

Comer bem e de forma equilibrada é um dos melhores investimentos que pode fazer para a sua saúde. Invista em si e na sua alimentação.

 
in Tribuna Pacense a 14.01.2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

Exceções para alguns....os mesmos?...

O Ministério da Saúde reduziu a composição dos conselhos de administração (CA) dos hospitais com gestão empresarial (EPE) e extinguiu a estrutura de missão Parceria Saúde para reduzir despesas no sector, segundo um despacho publicado a 27 de Dezembro de 2010 em Diário da República. link

O CA passa a ser composto pelo presidente e um máximo de quatro vogais, em função da dimensão e complexidade do hospital E. P. E., sendo um deles, obrigatoriamente, o director clínico e outro o enfermeiro director. Mas esta regra só de aplica quando os mandatos dos actuais CA terminarem e se nomearem os novos dirigentes... Portugal a funcionar...

Assim uns têm já cortes de 5% a partir de Janeiro outros logo se verá......