Os modelos de proteção social iniciaram-se na Europa no século XIX, com sistemas organizados de saúde associados á revolução industrial. A capacidade industrial nascente, exigia muita mão de obra humana e os acidentes de trabalho bem como doenças transmissíveis, vitimavam um sem número de trabalhadores que tinham forçosamente de ser constantemente substituídos.
Governos e empregadores preocupados com a perda de produtividade laboral associada á doença iniciaram esforços no sentido de prevenção das doenças. Na construção do Canal do Panamá quando se compreendeu que os mosquitos eram os responsáveis pela transmissão do paludismo e da febre amarela, foi realizado um esforço no sentido da prevenção dessas doenças, que também beneficiou as comunidades locais. O impacto da doença em cenários militar era também assustador, sucumbiam em maior número devido a doenças do que em resultado de balas ou baionetas inimigas.
A Alemanha com um governo de Bismarck, retira aos sindicatos a gestão dos emergentes seguros de doença e em 1883 adopta uma lei inovadora em todo o mundo, obrigou todos os empregadores a contribuir para um esquema de seguro-doença em favor dos trabalhadores. Foi o primeiro modelo de segurança social imposto pelo estado, contemplando apenas a doença.
Esta lei gozou de bastante aceitabilidade, na época, levando outros países a seguirem o mesmo caminho: Bélgica em 1894 e Noruega em 1909 e até os Estados Unidos. Mesmo a Grã-Bretanha, que em meados do século XX viria a construir um novo modelo, adoptou em 1911 um sistema de cuidados de saúde semelhante ao de Bismarck.
Com a Primeira e Segunda Guerra Mundiais e a destruição de muitas estruturas de saúde existentes, permitiu repensar o papel do Estado, o espírito de solidariedade pós-guerra permitiu uma abertura e aceitação de políticas em que todas as pessoa teriam os mesmos direitos garantidos pelo Estado.
Na Grã-Bretanha o Relatório Beveridge, de 1942, define já as condições para a criação de um sistema viável de segurança social, que cobre o risco social “do berço à sepultura”, abarcando toda a população. A partir de 1944 é já do entendimento da classe política que todos os cidadãos, independentemente dos seus rendimentos, da sua idade, sexo ou profissão, devem ter a possibilidade de aceder aos mais eficazes e modernos serviços médicos gratuitamente. O sistema nacional de saúde britânico (National Health Service) é criado em 1948 no seguimento do periodo de discussão entre 1942-1946.
Os sistemas de apoio social, e os da saúde em especial, desenvolveram-se em todo o mundo com base nestes dois modelos base: o bismarckiano assente no sistema de seguros, em que o acesso de faz pelo acesso ao trabalho; e o beveridgeano assente no papel do Estado providência e na redistribuição da riqueza gerada. Ou ainda num modelo misto onde se combinam características dos dois modelos, quanto ao financiamento dos custos das despesas.
Nos países Europeus (excepto a Suíça) predomina o financiamento por impostos, quer seja um só organismo público a receber do orçamento do estado a verbas de que necessita, quer sejam por outro lado, serviços públicos ou privados contratados por fundos estatais autónomos. Nos EUA só com seguros de saúde se poderá obter cuidados de saúde, sendo das seguradoras a responsabilidade pelo pagamento dos cuidados de saúde. O que exclui uma parte relevante da população que não tem acesso a um contrato de trabalho e que logo fica desprovida de coberturas de cuidados de saúde. No Canadá o financiamento é misto, uma parte pelo governo central e uma parte pelo regional.
Na Europa, nas últimas décadas, os sistemas de saúde, maioritáriamente públicos, começaram a incorporar metodologias de mercado privado: Parcerias Público-Privadas (PPP), concorrência, entrada de operadores privados na rede pública, convenções, etc, para tentar travar os crescentes gastos com a saúde, pois os recursos não são ilimitados.
Nos EUA com as administrações Clinton foi tentada, sem sucesso, a introdução de um seguro social mínimo que oferecesse cobertura de cuidados de saúde básicos aos cidadãos dos EUA que estivessem excluídos dos seguros vigentes. Com o presidente Barak Obama essa reforma foi retomada, espera-se que entre em vigor em meados de 2010, com a governo federal a assumir também ele um papel de financiador, no que se traduz numa aproximação ao modelo europeu de protecção na doença.
Todos os cidadãos têm o direito a ter acesso a Cuidados de Saúde com qualidade, sem qualquer descriminação baseada na sua condição social/económica mas sim baseada nas necessidades efectivas de cuidados.