Em Imagiologia poderemos dividir as técnicas diagnósticas em função da fonte de energia utilizada para gerar imagens: em radiação ionizante ou não ionizante.
As modalidades que utilizam radiação ionizante são as que utilizam radiação x, gama, etc. A radiação x é a utilizada na Imagiologia, enquanto a radiação gama é comumente utilizada na Medicina Nuclear e/ou Radioterapia. E o que são radiações ionizantes?
Em Imagiologia, a energia eléctrica é transformada por uma máquina (gerador) em energia electromagnética (raios X) e em energia térmica. Posteriormente, esses RX irão induzir outras trocas entre tipos e estados de energia na matéria, sobre a qual incidem. Então, a radiação mais não é, do que a energia emitida e transferida através da matéria. A luz visível é uma forma de energia electromagnética emitida pelo sol à qual podemos chamar radiação electromagnética. A matéria que intercepta uma qualquer radiação, diz-se irradiada ou exposta à radiação. A radiação ionizante, tem a capacidade de arrancar um electrão da órbita em turno do núcleo, de modo a este interagir com outro átomo próximo. Tornando a átomo ionizado, com carga positiva. Qualquer tipo de energia capaz de ionizar a matéria denomina-se ionizante. Os raios X e gama são as únicas formas de radiação electromagnética com energia capaz de ionizar a matéria.
Existem na natureza algumas formas de radiação ionizante que são prejudiciais para o ser humano. Uma delas é denominada radiação ambiental natural, outra é denominada radiação cósmica.A radiação ambiental resulta da desintegração de alguns átomos que existem na matéria, como por exemplo o urânio. A radiação cósmica vem do universo, das várias estrelas e material celeste, que existe no espaço, libertando radiação que atinge o nosso planeta constantemente. Os RX utilizados na medicina são a primeira fonte de radiação ionizante criada pelo Homem. Os benefícios da sua utilização são indiscutíveis: têm a capacidade de observar o corpo humano in vivo. Mesmo assim, a sua aplicação deve ser sempre prudente, procurando evitar exposições desnecessárias. Entre as outras fontes não naturais tem-se a referir, as centrais nucleares, bombas atómicas, certos aparelhos de televisão, luzes de aeroportos, etc.
Mas o efeito ou capacidade de ionizar induz um efeito biológico, este já não a um nível atómico mas molecular. O efeito biológico da radiação engloba bastantes factores, estando relacionado com o efeito ionizante da radiação em geral. Uma vez ionizado um átomo, mudam-se as suas capacidades de união química, podendo levar à ruptura da molécula onde se inserem os átomos ionizados. A molécula anormal pode funcionar, mas de uma forma incorrecta e dar lugar a tecidos neoformativos, ou não trabalhar e necrosar. Este processo não é irreversível, pois as moléculas têm enzimas que “reparam” as moléculas danificadas mas por vezes isso não acontece. E surgem sintomas de excesso de radiação como por exemplo: diarreias, náuseas, vómitos, hemorragias, etc. Estes efeitos que se detectam horas, dias, semanas após a exposições prolongadas, dizem-se somáticos.
Por vezes a radiação pode provocar alterações atómicas na molécula de ADN que se encontra no núcleo das moléculas. O ADN, tem também uma capacidade regeneradora, mas pode por vezes, ocorrer uma mutação, um erro na sua sequência, que não é reparado, sendo transmitida de célula para célula. Por tal motivo, as mulheres em idade fértil, e em que se suspeite de gravidez, não devem estar expostas a radiações. Sobretudo nos primeiros meses de gestação.
Certas alterações, podem só se manifestar passados anos da exposição à radiação e ser até transmitida ás gerações seguintes, podendo só se manifestar na 2ª geração. Estas alterações dizem-se genéticas e um exemplo são os descendentes dos indivíduos expostos à radiação das bombas atómicas no Japão, na 2ª Guerra Mundial. Neste caso estamos a falar de exposições a doses muito superiores aos limites máximos admissíveis.
Todos os equipamentos imagiológicos que utilizem radiação x têm essa capacidade de ionizar moléculas. Uns mais do que outros. Por ordem crescente de energia teremos o densitómetro, no qual se realiza a densitometria óssea, mamógrafo, que realiza as mamografias, o equipamento de raio x , que realiza todo o tipo de raio x (seja ele convencional, digital, com fluoroscopia, etc) e por último o TC, vulgarmente designado por TAC, que emite mais radiação do que qualquer outra técnica.
O beneficio que provém da exposição a estas radiações supera, na maioria dos casos, os riscos que comportam.
Como nota refira-se que a ecografia não utiliza qualquer radiação como fonte de imagem, mas sim a capacidade de propagação dos sons em meio aquoso. No caso ultra-sons, com frequências imperceptíveis ao ouvido humano. Daí que não seja conhecido nenhum efeito nocivo para os seres humanos pela sua aplicação.
A Ressonância Magnética também não utiliza radiação ionizante mas sim determinadas ondas de radiofrequência combinadas com campos magnéticos fortes. Trata-se de uma técnica que utiliza as propriedades magnéticas dos átomos para gerar imagens de alta resolução. Cada vez mais surgem novas aplicações para esta técnica. O recurso a esta técnica é ainda limitado, uma vez que os custos são ainda elevados, embora os benefícios sejam enúmeros e os malefícios quase inexistentes.
Mais uma vez afirmo, os dados imagiológicos não devem ser o centro da avaliação do doente, mas sim coadjuvar os dados e a avaliação clínica efectuada pelo médico assistente.