Em recente entrevista no
jornal Expresso a responsável pelo Grupo Espírito Santo Saúde,
Engª Isabel Vaz, afirma que sobre a reforma hospitalar ”...Só
vejo grupos de estudo. Dois anos e não há plano para a
reestruturação. O Santa Maria está numa situação catastrófica,
é o maior do país, além das responsabilidades de ensino...”, o
ministério “...Teve capacidade de exigir ao sector privado que
reformule o seu funcionamento e isso está a acontecer. Tenho pena
que esta mesma pressão não esteja a acontecer internamente....”.
Uma
confissão surpreendente (porque assumida pela primeira vez): a
dependência da ADSE ao nível do risco de sobrevivência. “A ESS
tem interesses brutais nesse tema, como todos sabem. No curto prazo
seria um desastre orçamental porque, em 2011, a ADSE representou na
rede privada €490 milhões dos quais 65% financiados pelos
beneficiários, e este valor teria de ser gasto pelo Estado na mesma.
No longo prazo, é também um grande disparate, é ceder a mais um
interesse do lóbi prestador público, que está aflito de doentes.
Neste momento a ADSE dá liberdade de escolha entre público e
privado. Porque é que os portugueses em geral não exigem isso aos
políticos e permitem nivelar por baixo, numa guerra intestina contra
os funcionários públicos?”
- Quanto à ADSE sabemos bem que os interesses são brutais, dela e dos outros hospitais privados. Porque são a maioria dos doentes? Nada disso, porém a maior parte do lucro vem desses doentes, já que a ADSE não tem controlado nada permitindo facturação generosa e tudo pagando: o desnecessário, o excessivo, o indevido desde que mascarado de consultas.
- Tudo bem quanto á liberdade de escolha orientada pelo médico, entre hospitais públicos, que agora não se consegue no SNS, ou privados, mas para produtos semelhantes, com a mesma qualidade e segurança, que nem sempre é o caso.
- Surge como campeã da liberdade de escolha esquecendo alguns pormenores: Se não fosse a ERS continuaria a tratar no hospital da luz os doentes da ADSE como de segunda; Que quando se trata de cancro ou outra doença «pesada» a liberdade do doente acaba logo que o plafond se esgota, seguindo-se a transferência para o SNS. Essa liberdade é a dos interesses brutais.
Na ADSE a liberdade de
escolha pode resultar em prejuízo do utente, dado estarmos longe de
um mercado de concorrência perfeita. Não existe soberania do
consumidor, o qual tem informação insuficiente sobre o mercado, o
produto e os resultados. Fragilizado pela doença e pela dependência
do médico, seu “agente”, a sua escolha não é soberana. A
ausência de referência médica, combinada com a livre escolha e
liberta do preço, induz consumismo, acréscimo de custos e riscos
adicionais para o doente.
- Mas isso que interessa!
- Neste momento o mais importante para os grupos privados é procurar estender a filosofia seguro-saúde contida nos subsistemas a todo o SNS. Há pois que fazer dourar a pílula.